Eu sou Carlitos

 


Quantas vezes você se  depara com situações que remetem a um sistema que te obriga a ser mecanizado? Que te lembra algo como "ser escravo"? Quantas vezes, você olha para si mesmo e questiona: Estou feliz, realizado(a)? Ou na maioria das vezes você se sente aprisionado e obrigado a fazer aquilo que precisa ser feito, e não o que te agrada? 

Por mais que atualmente, vivamos em uma sociedade que prece a criatividade, há ainda, em especial no mercado de trabalho, a exigência de sermos "robôs" - sem sentimentalismo, sem atrasos, sem erros. 

Mas olha que interessante! 

O filme Tempos modernos de Charlie Chaplin, escrito, atuado e dirigido pelo mesmo, de 1936, traz em seu cerne uma crítica a essa sociedade sistemática. O filme, é claro, é uma reflexão quanto a industrialização e a crise mundial de 1929, e  não, uma crítica a nossa sociedade vigente. Porém...

Nesse filme trata-se a vida da órfã e de Carlitos (o vagabundo), que são pessoas, que basicamente, não se encaixam na sociedade. No entanto, ambos encontram sentido, em uma atividade empregatícia que não é considerada digna (até hoje) - As Artes! 

Se ao assistir o filme, você perceber algo em comum, saiba que não é coincidência. Por isso, hoje eu trouxe essa pequena reflexão, da qual nomeei: eu sou Carlitos, pois muitas vezes é assim que me sinto: deslocada, a ovelha negra, a peça quebrada. 

Sei que não sou a única! Quantos Carlitos ainda existem por aí? 

Nosso sistema educacional, logo cedo nos inicia a uma operação mecanicista, baseia-se ainda hoje, em teorias de Henry Ford (Fordismo) e Frederick Taylor (Taylorismo), que é tecnicista, onde indicam o poder através da hierarquia, e que o centro da aprendizagem, que deveria ser o aluno, torna-se um produto para a preparação ao mercado de trabalho, que no  lhe concerne é  cheio de robôs, maquinas, pessoas que não precisam pensar, mas precisam fazer. Infelizmente, as escolas repetem e repetem esses mecanismos. Michel Foucault fala sobre isso, demostrando, que não é um problema recente, mas ainda atual. 

Nos tantos níveis empregatícios que exitem na sociedade moderna, ainda passamos por tais indignações, afinal, quanto mais produzimos, mais devemos produzir, não é mesmo? Mas quem teoricamente não produz? O vagabundo. 

Com o avanço tecnológico, se você quer estar empregado, deve estar atualizado, e com certeza deve vender seu tempo, para estar disponíveis 24 horas, para atender as demandas, sejam elas suas (como empreendedor), ou sejam elas de outros (como empregador). Com tudo, não se preocupe, se não conseguir suprir as tais demandas, esta bem ai a IA (inteligencia Artificial) e outros recursos que conseguirão. 

Em linhas gerais, um filme de 86 anos, não deveria ser algo tão próximo,  deveríamos ter o prazer em assistir e conhecer uma sociedade quase centenária, mas pelo contrário, ele se faz tão atual e longe de ser ultrapassado, que levanta outras questões. 

Então questiono com você e comigo mesma, como sociedade: O que estamos fazendo errado? Será que estamos valorizando maquinas, ao invés de pessoas? Será que ainda estamos impulsionando um sistema tecnicista em nossas escolas?

Eu não tenho estas respostas, porém acredito, fielmente que estamos sim, replicando os erros do passado, e muito provavelmente, continuarei deslocada, sempre buscando como diz o filme:  a felicidade. 


Assistam o filme no link: https://www.youtube.com/watch?v=3tL3E5fIZis

Assistam uma crítica do Portal Alexandria: https://www.youtube.com/watch?v=ZOvVWMmFWE4

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